CRÓNICA DA CORRIDA

"Depois de um dia de trabalho, não havia programa melhor que uma corrida na minha bela Nazaré, praia que tantas alegrias me deu em criança, excepto quando era de tal forma enrolado pelas ondas, em que dois dias depois ainda me saíam bivalves pelo nariz!

Cheguei à Nazaré pelas 20:30h debaixo de um vendaval tropical e com o carro a marcar 35,5º! A minha primeira alegria foi já não haver bilhetes reservados para o Ap.Chamusca. Se os 25€ já eram caros para uma Praça onde um anão tem dificuldades em meter os coutos, 30€ atrás dum poste e encostado ao muro da banda, foi excepcional! De onde estava só via o Cerejo quando realizava aquelas razias às tábuas, fruto da falta de brecagem daquele cavalo...

Mas tudo vale, quando uma Praça de Toiros tão engraçada como aquela está apinhada de gente.

O 3º toiro da noite foi da casa Manuel Veiga, e foi lidado pelo José Manuel Duarte. O cavaleiro Scalabitano realizou uma lide acertada a um toiro que jogou muito à defesa. O forcado escolhido, e embora a corrida não fosse televisionada, foi o Francisco Montoya. O toiro foi pronto na saída e o Francisco, embora tenha um ligeiro desequilíbrio a recuar, executa uma boa pega! Com o toiro a fugir um pouco ao grupo o 1ºajuda Pipas, no auge dos seus 26 anos é extremamente rápido a ajudar, e destaco uma excelente 2ªajuda, que entre o poste e um saxofone me pareceu ser do Francisco Neves. Todo o grupo ajudou de forma exemplar.

Francisco Montoya viria a brilhar mais tarde, na forma serena com que transportou a cavalo do cerejo às cavalariças, onde lhe deu água e palha. Nuno Nery esteve mal ao não mandar tocar a banda para o Chiquinho...

Para fechar a noite esteve um Pégoras que não complicou, e no qual João Telles Júnior conseguiu uma lide em bom plano, como é apanágio dos cavaleiros da Torrinha. Para a cara deste toiro, o cabo escolheu-se a si próprio. Não foi uma surpresa, afinal as constantes sessões no Dr. Passarinho fazem com que este forcado atravesse uma fase de enorme confiança. Surpresa para alguns presentes foi a aposta naquele inexperiente 1ºajuda Rui Hipólito...mas pensei “Bem, se até o Cartaxo já faz grandes pegas neste grupo, porque não dar uma oportunidade a este rapazinho...”. O Pégoras foi também pronto na saída, o Pipas recua pouco e pega de “estaca”, correcto tecnicamente com todo o grupo a ajudar, inclusive o tal novato! (És grande, Hipólito!)

Se Francisco Neves tinha brilhado na ajuda ao primeiro toiro, agora brilhava na saída do segundo, não tendo a sorte do António Vinagre na Chamusca...

Em noite de concurso de Pegas, tudo acabou em empate, embora isso pouco interesse na minha humilde opinião. A verdade nestes prémios é que ganha quem menos ajuda. Na minha maneira de ver o prémio já é do Aposento da Chamusca pela forma exemplar com que pegou os seus toiros!

Seguiu-se um animado jantar em S.Martinho do Porto, e apesar de um renovado e animado Farfã, foi Diogo Bleck rei e senhor ao beijar uma rapariga na boca de forma tão rápida e impensada, que dei 3 vezes graças ao Senhor por não ter ficado sentado ao lado dele!

Os discursos da praxe, de onde destaco a intervenção do Feijoca a pedir um toiro! Resultado: Parece que vai mesmo levar com um! Vi-o hoje em Benavente de Casaco gola-alta, óculos escuros e chapéu, atrás de uma moita...

Agora já o mal está feito!

Quero só deixar aqui os Parabéns ao Pipas e ao grupo pelo sucesso que nesta temporada tem vindo a conseguir. É um grupo novo, bastante jovem, e onde era fácil ver inexperiência e fracasso o Pipas viu vontade e oportunidade! Se fizer contas por alto, conto 13 forcados da cara e 10 primeiros ajudas nos 26 toiros pegados. E toda esta saudável rotatividade está a resultar em praça, o que acho fantástico! Parabéns a todos!

O mais: O cocheiro do Cerejo

O menos: Comportamento do público durante as pegas

Pelo Aposento venha vinho! "

Frederico Pina, antigo elemento do GFAAC.

FOTOREPORTAGEM

Fotografias de Filipa Carujo